quinta-feira, abril 24, 2025

os silêncios são uma prece…



 

os silêncios são uma prece…
escuto-os dentro das noites que atravesso!
prendo-me ao rumor do vento
quero um dia limpo,
na vertigem de qualquer voo…
o silêncio é arte,
na melancolia das palavras,
invento um nada onde morar,
e a minha voz procura a tua atenção…
combalida há um espaço inventado,
não protesto nada, mas procure-te
nas sombras que sobejam,
e reclamo na morrinha de qualquer espaço…
a porta não tem arte,
inflama o corpo e a alma
tento gostar da madrugada,
no desejo renovado de uma duvida

sou outra na tua ausência,
a que te ama no clarão da lua….



helena maltez


quinta-feira, abril 10, 2025


 

o teu sorriso



no esplendor de uma suave explosão
chega a mim o teu sorriso.
aflui com emoção e calor,
como sonhos mesclados nos encantos
do sorrir de um menino.

avulta o carinho,
entre peripécias, na floresta dos encantos.

há um toque afectivo de sensualidade
dentro das palavras perdidas,
no trilho da agitação.

nas linhas do teu rosto,
há a ténue hesitação
de um proteger que me rasga
nos espelhos latejantes,
onde deambulo na saliva de uns lábios.

então rendo-me à fonte do teu sorriso
em metades de nós…



helena maltez

segunda-feira, abril 07, 2025

bebi o frio



bebi o frio

hoje o dia não teve o sabor da primavera
o sol foi de inverno.
para me aquecer por dentro
deambulei pelas avenidas,
em busca de uma voz,
a tua.
continha frio na alma.

tinha sede de ti.
queria saciar aquela secura,
com a tua voz.
a secura me cortava a faringe,
bebe-la até ficar farta.

rasguei a visão
e sem folgo
emaranhei-me nas linhas do dia.
os gestos moldavam a solidão,
toquei a tua ausência
e o folgo foi desejo da tua ternura.

perdi a idade, os meus 18 anos
arrefeceram, resvalaram no teu corpo
só existe o murmúrio de um amar
em palavras guardadas por mim

já tudo me falta
até o ombro infindável das ilusões

e a saudade existe por termos estado juntos.

helena maltez


quinta-feira, janeiro 30, 2025


 saudade...
          

há tanta saudade em mim...



há tanta saudade de ti...



há tanta saudade de nós!



sim saudade dos sentires...
de conjugar o verbo do sentir,
do querer,
de conjugar verbos banais...



saudade da ausência
do toque na pele



saudade do caminhar na loucura das emoções...




helena maltez

terça-feira, janeiro 28, 2025

 

espera...



desatento seguia a memória na noite
ziguezagueava absorto na vida de outros lugares,
a memória atraiçoava-lhe o corpo abatido.
do olhar rasgado, vertia sangue já sem cor
fazia frio, rangiam-lhe os ossos a cada passo
e rasgava-lhe a pele até sentir dor

fumava sofregamente, como se esgotasse o tempo
o sitio era já ali
no virar da casa branca esburacada pelo salitre.
aspirou o nevoeiro, misturado com o fumo do cigarro
acelerou o passo
aproveitou o semáforo verde.

galgou a estrada
ao fundo via os anúncios cintilarem,
davam luz e cor à cidade.
o homem desceu o caminho íngreme
desfazendo-se das lembranças e infortúnios.
o mar esperava-o…

era a hora de todos os dias
o areal quebrava ali
onde o sonho nascia
atento ao silêncio que o corroía.
sem sobressaltos deitou-se na areia.

restou-me a mim a espera
nas palavras cantadas do mar…



helena maltez


terça-feira, agosto 15, 2023

o canto...

 


o canto apagado



no encanto de mais um dia, fechasse o domingo
    

a criançada já não corre no relvado,
    

são horas de recolher.
    

os barulhos do dia calam-se.
  

nem se escuta o ladrar de um cão.


    

o mar lá longe amoleceu e estendesse na areia,
   

embriagado, o vento sopra sem força,
  

apoio o rosto nas mãos.
   

e fico apática ao que me rodeia,
   

o olhar, fica preso a um passado


  

o frio avança, a noite que aproxima-se,
  

o corpo, é como um degrau na geometria
  

pernoito na memória que me abraça.
   

o coração é memória de saudades,
   

as palavras são voz nas ausências.


   

apagasse o canto, oculto o arrepio,
  

sem ti , a noite não tem valor


   

a cidade fica noutra ponta,
  

afasto o olhar, das certezas que me tocam


atravesso o silêncio num gemido de sonhos afastados…


   

  helena maltez. 

sexta-feira, agosto 11, 2023

horas...

 


horas

são horas...

não de partida, mas de chegada...

uma chegada assim, entre a luz

que encanta a cidade

de um tempo branco

os sonhos habitavam esse tempo

entre silêncios de angustia,

são horas, horas sem sombras

onde o poema se transforma

dentro do papel da memória.

o dia oxida a boca

desliza no corpo

estremece nas saudades do passado.

as cores mal pousam no dia

respiram pelas areias

onde a cidade descansa.

vozes despertam o vento

ressoam gestos violados

a chegada perde-se na rua

mas leva o sorriso do amor


nada se desfez

no dia que cresceu...



helena maltez


os silêncios são uma prece…

  os silêncios são uma prece… escuto-os dentro das noites que atravesso! prendo-me ao rumor do vento quero um dia limpo, na vertigem de qua...